O Tribunal do Júri de Santa Bárbara d’Oeste condenou a 33 anos de prisão José Albert de Menezes, de 25 anos, acusado de assassinar sua ex-companheira Maria Carolina Almeida, 26, e descartar o corpo em um bueiro no Jardim Pérola. O julgamento aconteceu nesta segunda-feira (7), no fórum da cidade. A defesa já recorreu.
Ele também deverá pagar 100 salários mínimos para os filhos da vítima, que não são dele, além de 30 dias-multa, cujo valor, atualmente, é R$ 5.553 – cada dia-multa ficou fixado em 5 Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo).
‘Largou tudo por uma aventura’, afirma pai de alagoana assassinada em São Paulo
O pai da jovem Maria Carolina Almeida Vieira, 26 anos, assassinada pelo companheiro, deu entrevista na última sexta-feira, 27, e falou sobre o caso. Maria Carolina era de São José da Tapera, no Sertão de Alagoas, e foi encontrada morta, em um bueiro em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, na última quarta-feira, 25.
Conforme o pai de Maria Carolina, ela tem três filhos e foi morar em São Paulo há pouco mais de 8 meses, para viver com o namorado.
“Ela conheceu ele em Sergipe. Ele foi transferido para o interior de São Paulo e quis levar ela. O que eu posso dizer? Ela largou tudo por causa de uma aventura. Ele se aproveitou dela, prometeu tudo a ela e terminou nisso. Perdi minha filha”, disse Arnaldo Canuto, pai da jovem.
De acordo com a Polícia Militar (PM), um funcionário de uma empresa fazia a manutenção em um bueiro quando se deparou com o cadáver da mulher, ao abrir a tampa que dá acesso à tubulação.
“Eu, como pai, tentei aconselhar, tentei fazer com que ela não fosse, mas ela era maior de idade e não tinha como prendê-la. E lá [em São Paulo] eu não sabia se ele maltratava ela, pois ela nunca quis nos preocupar”, disse.
De acordo com Arnaldo, Maria Carolina mantinha contato com a família e fazia questão de ligar sempre para os filhos, que ficaram sob os cuidados de sua ex-sogra no interior de Alagoas.
“Ela sempre ligava para eles, fazia chamada de vídeo. Ela se importava com todos nós, tanto é que fiquei desconfiado que algo não estava bem quando ela parou de mandar mensagem”, contou.
Ainda segundo Arnaldo, o genro, suspeito do crime, tentou engana-lo sobre o paradeiro de Maria Carolina. Ele disse que Carolina havia saído de casa há uma semana, sem dar notícias para onde estava indo.
O suspeito do crime foi preso no trabalho, após o corpo da jovem ser localizado. Ele confessou o crime e afirmou que matou a companheira após suspeitar de traição. Ele vai responder por feminicídio e ocultação de cadáver, já que escondeu o corpo na galeria pluvial.
A família da jovem está tentado trazer o corpo dela para Alagoas. “É uma batalha muito grande porque não temos condições financeiras para isso. Estamos tentando ver quem pode nos ajudar, pois queremos enterrar nossa filha em Alagoas”, completou o pai da jovem.
O crime ocorreu no dia 18 de setembro de 2023, na Rua do Chá, onde José Albert e Maria Carolina moravam antes de se separarem.
De acordo com a investigação policial, o acusado confessou ter assassinado a vítima com um golpe mata-leão.
Posteriormente, ele teria levado o corpo para um bueiro localizado a apenas 30 metros de sua residência. Um funcionário de uma empresa terceirizada encontrou o cadáver apenas em 25 de outubro de 2023.
O pai de Maria Carolina, Arnaldo de Jesus Vieira, havia comunicado o desaparecimento da filha na Polícia Civil de Alagoas, onde ele reside. Ela deixou três filhos, de 8, 11 e 13 anos.
José Albert foi condenado por feminicídio, com motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima, além de violência doméstica e ocultação de cadáver.
Depoimentos
No julgamento, ele negou ter matado Maria Carolina. Disse ter confessado inicialmente porque foi ameaçado e agredido por policiais. Afirmou que soube do desaparecimento por terceiros.
“Entravam em contato comigo tipo todo dia, perguntando por ela, pedindo para eu fazer alguma coisa, ir atrás, tentar alguma informação. Eu falava: ‘eu trabalho, mas, quando sair do trabalho, vou tentar alguma coisa, vou atrás’”, declarou.
Por sua vez, o promotor de Justiça responsável pela acusação, Rodrigo Aparecido Tiago, citou que, segundo o laudo pericial, a vítima morreu por asfixia e pelo menos 30 dias antes de seu corpo ter sido encontrado, condições que batem com a confissão inicial do réu.
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O advogado de José Albert, Gustavo Mayoral, também sugeriu que seu cliente não conseguiria levantar a tampa do bueiro sozinho, sem ninguém ouvir. “Se nós estamos falando de uma tampa de 100 kg, nós estamos falando de um indivíduo ‘body builder’”, comentou.
Após o julgamento
Após a sentença, o promotor destacou que a justiça foi feita. “Não traz a vítima de volta, mas gera o mínimo de conforto para toda a família.”
O pai de Maria Carolina, que saiu de São José da Tapera, interior de Alagoas, para acompanhar o julgamento, mostrou alívio depois da decisão do júri. “Acabou”, afirmou.
No entanto, ele apontou que esperava uma punição ainda maior para o réu. “Eu achei que seria mais, porque eu queria mais justiça. Mas fazer o quê? Agora é esperar pela justiça de Deus”, comentou Arnaldo, que estava acompanhado da vereadora Esther Moraes (PV).
A defesa disse não concordar com a decisão e informou que já apresentou recurso.
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